Ubá: Social realiza ampla programação para população em situação de rua
Diversos eventos marcaram o mês de agosto, que tem data simbólica sobre o tema

No dia 19 de agosto é celebrado o “Dia Nacional de Luta da População em Situação de Rua”. Para dar visibilidade ao tema e informar a população sobre as políticas públicas realizadas no município voltadas para esse público, a Secretaria de Desenvolvimento Social, por meio do Centro POP e da Casa Cidadã, realizou uma série de atividades ao longo do mês de agosto.
No dia 09, o Centro POP realizou uma uma roda de conversa com a participação da economista doméstica do Procon/Ubá, Marilda Aparecida Leôncio, que falou sobre educação financeira com os usuários. No sábado, 19, foi realizada uma ação na Praça Guido Marlière, com atendimentos odontológicos pelos acadêmicos de Odontologia do Unifagoc, corte de cabelo, café da manhã, lanche, e apresentação do grupo de capoeira Abadá.
No domingo, foi realizado o 2º Encontro Com os Familiares dos Dependentes Químicos em Recuperação da Cidade de Ubá, na Escola Municipal Dr. Tânus Feres de Andrade (Curumim II). O coordenador da Casa Cidadã, Eduardo Inácio de Abreu, falou sobre políticas públicas de combate ao uso abusivo de drogas. O coordenador do Centro POP, Gilberto Barbosa, falou sobre assistência aos usuários que retornam do tratamento e suporte para seus familiares. Houve também palestra com Eva Rodrigues do Carmo, responsável pela comunidade Maranata em Minas Gerais, que falou sobre o papel da comunidade terapêutica no processo de recuperação da dependência e a espiritualidade como forma de resgaste da dignidade da pessoa em uso abusivo de drogas. Também houve o depoimento de um dependente químico em recuperação e espaço para debate entre os presentes. O encontro foi encerrado com almoço.
Durante o mês de agosto, a Secretaria de Desenvolvimento Social também está oferecendo capacitações semanais com o tema “Média e Alta complexidade para a população em situação de rua”, voltadas para gestores, técnicos e as equipes que atuam nos seus diversos equipamentos.
1º Fórum Municipal da População em Situação de Rua
O evento central dessa série de ações foi o 1º Fórum Municipal para População em Situação de Rua, realizado no dia 16 de agosto, que contou com palestras do psicólogo Wellerson Carneiro, com o tema "Bioética e vulnerabilidade da população em situação de rua" e da assistente social Thaíse Seixas Peixoto de Carvalho, que falou sobe os direitos socioassistenciais da pessoa em situação de rua. Participaram profissionais de diversas áreas de atuação e um número expressivo de estudantes de Ensino Médio da Escola Estadual Professor Lívio Carneiro e do Colégio Objetivo.
O Fórum possibilitou o debate sobre as políticas já realizadas no município, as melhorias e alinhamentos necessários e a criação de alternativas para se ampliar os resultados obtidos. Também houve depoimentos dos usuários do Centro POP Isabelly de Carvalho e Orlando Ferreira Júnior, que contaram suas trajetórias na caminhada pela superação da situação de rua.
O secretário municipal de Desenvolvimento Social, Flávio Monteze, explanou sobre o trabalho realizado no município. “Neste Fórum, buscamos discutir novas ações e alternativas para o atendimento à população em situação de rua, mas é importante mencionar que este trabalho já vem sendo incansavelmente executado pela Secretaria de Desenvolvimento Social, por meio de seus equipamentos Centro POP e Casa Cidadã. Também implantamos a Casa de Passagem, que oferta abrigo provisório para pessoas em situação de rua e migrantes. O serviço começou a ser ofertado no mês de julho, e já realizou em torno de 380 atendimentos, com banho, jantar e acomodações para dormir”, destacou.
O Centro POP
O Centro de Referência Especializado para População em Situação de Rua - Centro POP - oferece serviços técnicos de acolhida, escuta qualificada, oficinas, abordagem social dos indivíduos e familiares, elaboração de planos de acompanhamento individual, realização de visitas domiciliares, acompanhamento psicológico, encaminhamento e monitoramento para todos os serviços ofertados pela rede de atendimento socioassistencial do município e órgãos de defesa de direitos e atendimento ao migrante, através de uma equipe técnica composta por assistente social e psicólogo.
O Centro POP funciona na Rua João Guilhermino, nº 96, de segunda a sexta-feira, das 7h às 16h. Segundo o coordenador do equipamento, Gilberto Barbosa, cerca de 100 usuários são atendidos por mês, sendo a maior parte, cerca de 90%, formada por homens. Segundo Gilberto, a programação realizada durante o mês possibilitou apresentar à sociedade esse público que tem muitas especificidades e cujo atendimento apresenta grandes desafios.
“A construção social de cada um, o que o fez ir e o faz permanecer na rua, é muito individual. É um público negligenciado, que não acredita mais nas políticas públicas, porque por muito tempo foi escondido, teve seus direitos tirados. Nosso trabalho é criar esse vínculo com o serviço, recuperar vínculos familiares, dar a eles a noção de seus direitos e deveres. É entender que a população em situação de rua não é só uma causa individual, mas de toda a sociedade, é compreender esse contexto, que é único, diário e cheio de variáveis. Com as ações realizadas trouxemos essas questões, através de falas, testemunhos, do protagonismo da pessoa em situação de rua”, disse.
A Casa Cidadã
A Casa Cidadã tem o objetivo de resgatar a autonomia, a cidadania e restabelecer os vínculos familiares de pessoas em situação de rua. O encaminhamento é feito pelo Centro POP, e quando é de vontade do usuário ele é direcionado para a unidade de acolhimento, onde recebe atendimentos individualizados, escuta qualificada, apoio psicossocial.
Por meio de atendimentos da equipe técnica, são realizados encaminhamentos para rede socioassistencial. Além da elaboração do Plano Individual de Atendimento (PIA), estudos individuais dos casos, realização de reuniões periódicas entre equipe técnica, usuários, coordenação e outros colaboradores, são realizadas reuniões com os usuários para trabalhar os temas transversais como drogas, restabelecimento de vínculos familiares, comunitários e garantia de direitos.
“É de suma importância falarmos sobre a população de rua, trazer esse assunto para a comunidade, e entender que precisamos trabalhar esse público compreendendo e respeitando o tempo, o espaço e a trajetória de cada um, sem um sentido higienista neste atendimento”, afirma o coordenador, Eduardo Inácio de Abreu.