O drama vivido pelos moradores do Santa Edwiges II em Ubá

O drama vivido pelos moradores do Santa Edwiges II em Ubá

Nossa reportagem foi solicitada a comparecer no Bairro Santa Edwiges por moradores que estão sofrendo com a possibilidade de deslizamento de terra e com interdição de seus imóveis.

No dia 01 de novembro de 2021 a Defesa Civil e o Corpo de Bombeiros foram acionados e orientaram os moradores a deixarem o local devido ao risco de novos deslizamentos, porém, segundo as autoridades, os mesmos se recusaram.

O coordenador da Defesa Civil, Gilger Menezes, retornou ao local acompanhado de engenheiros. Orientações foram repassadas e um cronograma de ações para mitigar os danos dos desastres seria elaborado e na ocasião colocaram uma cobertura de lona no local. 

Na manha deste sábado (12) de fevereiro de 2022 conversamos com a moradora Marilene Roberto de Souza Martins que falou do drama que estão sofrendo.

 Marilene: O primeiro problema que eu tive foi em 2018 quando veio uma forte chuva e começou a descer lama no meu quintal. Solicitei o responsável e ele me doou o material para levantar um pouco o muro. Cessou a chuva e parou o problema, só que começou a vir chuvas mais intensas e começou a descer pedaço de barranco em cima do nosso quintal.

Os nossos imóveis são todos financiados pela Caixa Econômica Federal e eles disseram que não tem como ajudar a gente por que só financia os imóveis e não é responsável por problemas estruturais da obra.

Entramos com o sinistro, que é o seguro que a gente paga obrigatório. Na época recebi R$ 420 reais de seguro para poder limpar o meu quintal, porque eles alegam que o seguro só cobre danos do imóvel e não cobre danos estruturais e que isso teria que ser o responsável que construiu os imóveis. Fomos atrás do responsável para fazer um muro, fomos atrás da Defesa Civil que veio, avaliou e interditou todos os imóveis. E aí começou o problema. Fomos atrás da Prefeitura e alegaram que não tem condições de fazer a obra, porque é uma obra muito cara. Fui atrás do Meio Ambiente e protocolei e não deram resposta nenhuma. A gente não fica sabendo que tá acontecendo, nós ficamos meio perdidos aqui e daí começou a nossa saga.

Temos que sair dos imóveis, não conseguimos paralisar as parcelas dos imóveis, ou seja, além de pagar a parcela de um imóvel interditado ainda temos que sair e arcar com aluguel de um outro imóvel, que é uma situação muito difícil, ninguém tem dinheiro sobrando.

Quando começou a obra dos muros nós já vimos que era um muro condenado desde o início, entrei em contato com a Defesa Civil e pedi por favor para vir paralisar as obras, a resposta dele foi que não tinha condições, porque ele estava acompanhando um laudo que foi feito pelo engenheiro. A obra veio a ser desinterditada em setembro de 2021 e em 1º de novembro caiu os dois primeiros muros que foram feitos. Em seguida interditaram tudo de novo e estão obrigando a gente a sair. Então veio aqui Conselho Tutelar, Psicólogas e disseram que era para orientar a gente, demos nossos nomes e essa semana eu fui chamada no Conselho Tutelar porque eu sou obrigada a sair porque eu tenho uma menor no imóvel.

O problema que ninguém dá condições nenhuma para a gente sair, não temos condições financeiras nenhuma para sair daqui. Estamos tentando um auxílio da Prefeitura no valor de R$ 300 reais, mas para conseguir esse valor eu tenho que levar o imóvel para eles e tem que avaliar o imóvel, tem que entrar no imóvel e depois tem que tentar receber esse dinheiro e proprietário nenhum de imóvel vai esperar para ser avaliado, eu tenho que entrar com o dinheiro primeiro para poder sair daqui.

A gente fica nessa situação, sem nenhuma resposta. Queremos que alguém da Prefeitura vem aqui e fala que tem um jeito de resolver. Só que a gente não tem segurança de sair, porque ouvimos o tempo todo que a única maneira de resolver o problema é jogar tudo no chão. E aqui são casas que a gente tá pagando, como é que joga nossos sonhos no chão?” finalizou emocionada Marilene Roberto de Souza Martins

 Conversamos também com Romildo Marcos Ribeiro, um dos moradores afetados por este problema e que esteve junto com outros moradores na Reunião Ordinária da Câmara Municipal de Ubá nesta segunda (07), fazendo uma manifestação com cartazes para mostrar as autoridades do legislativo e executivo presentes essa saga que estão vivendo e o Romildo falou a nossa reportagem sobre essa ida na Câmara Municipal.

 Romildo:Nós fomos lá simplesmente reivindicar o nosso direito, o direito de moradia. Nós fomos conversar com Prefeito Edson, porque nós sabíamos que o Prefeito iria receber um dinheiro da Câmara de Vereadores naquele dia. Eu já bati na porta da prefeitura umas duas ou três vezes e não fui atendido nestas questões aqui que estamos passando. Então nós juntamos o pessoal e fomos lá correr atrás do nosso direito. Conversamos com o Prefeito Edson sobre a situação que está acontecendo no nosso bairro e infelizmente ele não sabia disso, não passaram para ele, não tem como ele saber tudo realmente.

O meu problema é que a Defesa Civil embargou a obra depois que o muro da minha casa caiu duas vezes, olha que coisa terrível que aconteceu, então o que eu quero dizer o seguinte, que a gente quer o nosso direito, eu quero que o Prefeito nos ajude, porque ele é o nosso representante. Se nós não formos atrás dele quem que a gente vai atrás?

Ele falou que não sabia e que vai ver isso aí, que vai pedir a um engenheiro civil para analisar. Então depois de analisar eles irão verificar se a Prefeitura vai ter condições, se vale a pena e se vai ter dinheiro para fazer a obra.

Nossa esperança é que esta reportagem do Zona da Mata News seja nossa porta-voz partir de agora, porque nós não temos voz, vocês foram os únicos que vieram até aqui para mostrar nosso drama. Esperamos que essa matéria chegue até as autoridades competentes e que nos ajudem”. Finalizou o morador Romildo Marcos Ribeiro.

A reportgem do Zona da Mata News procurou a Prefeitura Municipal para falar sobre esta situação e nos passaram a seguinte nota abaixo:

"Em razão do deslizamento de um barranco, 17 residências foram interditadas pela Defesa Civil, no bairro Santa Edwiges. Em razão de tratar-se de uma área particular, em que houve uma intervenção para construção e comercialização de unidades habitacionais, o posicionamento do município é para que os moradores obtenham um parecer técnico da empresa responsável pelas obras em relação ao que fazer, quanto custaria e quem seria responsável pelas despesas. A Prefeitura só pode atuar em colaboração, por se tratar de iniciativa privada, mas antes de tudo é necessário obter as informações levantadas acima".